Brasil tem queda de mortes violentas, mas vê golpes digitais dispararem
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado nesta quinta-feira (24), aponta uma queda no número de assassinatos no Brasil e no Rio Grande do Sul. No entanto, aponta forte crescimento de golpes, especialmente de crimes digitais, e alta no número de feminicídios e casos de descumprimento de medidas protetivas concedidas pelo Poder Judiciário.Segundo o Anuário, o Brasil registrou 44.127 mortes violentas intencionais em 2024 — o menor número desde 2011. A taxa nacional caiu para 20,8 homicídios por 100 mil habitantes, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior. O perfil das vítimas permanece marcado por desigualdades: 91,1% são homens, 79% são pessoas negras e quase metade (48,5%) tinha até 29 anos.Por outro lado, os crimes letais contra mulheres permanecem em alta. O Brasil registrou 1.492 feminicídios em 2024, um crescimento de 0,7% frente ao ano anterior. A maioria das vítimas (63,6%) era negra, e 8 em cada 10 foram mortas por parceiros ou ex-parceiros, frequentemente dentro de casa.No Rio Grande do Sul, os feminicídios recuaram: foram 72 casos em 2024, uma queda de 15,4% em relação aos 85 em 2023.As mortes violentas intencionais no RS somaram 1.687 em 2024, abaixo das 1.982 registradas em 2023. A taxa de 15 assassinatos por 100 mil habitantes ficou abaixo da media nacional.As mortes violentas intencionais incluem casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, policiais vítimas de crimes violentos letais e mortes decorrentes de intervenção policial. Descumprimento de medidas protetivasPela primeira vez, o Anuário analisou os registros de crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência, com o objetivo de observar as limitações em termos de efetividade das medidas protetivas. O levantamento aponta que, em 2024, mais de 100 mil registros (101.656) de descumprimento foram notificados às polícias, com crescimento de 10,8% da taxa entre 2023 e 2024. No ano de 2023, 87.642 medidas foram descumpridas.A taxa mais alta de descumprimento foi verificada do Rio Grande do Sul (106,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes), seguida de Santa Catarina (taxa de 93,6) e Paraná (91,3), todos os estados da região Sul. O Anuário destaca que a situação na região alerta para a necessidade de aprimoramento da fiscalização das medidas solicitadas pelo Judiciário.Do total de medidas concedidas no ano de 2024 (555.001) no Brasil, 18,3% foram descumpridas, o que representa que cerca de 2 em cada 10 mulheres que conseguiram a concessão da medida protetiva sofreram com o descumprimento. Mais uma vez, estados da região sul lideram a estatística. Em Santa Catarina, 26,2% das medidas foram descumpridas; enquanto o Rio Grande do Sul teve 23,2% das medidas descumpridas.O Anuário ressalta que nem todas as medidas descumpridas em 2024 foram necessariamente concedidas no mesmo ano, já que a validade das MPUs varia de acordo com a gravidade e as circunstâncias do caso de violência. Golpes digitais em altaNa contramão da redução da letalidade violenta, o Brasil viu crescer o número de golpes, especialmente digitais. Em 2024, foram registrados mais de 2,1 milhões de estelionatos em todo o país, um aumento de 7,8% em relação a 2023. A cada minuto, quatro golpes são registrados no País.Levando em conta apenas os estelionatos por meio eletrônico, foram registrados 281 mil casos em 2024, alta de 17% em relação a 2023. Desde 2018, esse tipo de crime cresceu 408%.Os 78,9 mil estelionatos registrados no RS em 2024 representam uma queda de 11,9% antes os 89,4 mil de 2023. Contudo, os golpes eletrônicos cresceram 164,4% no Estado, de 5,6 mil para 14,7 mil.Por outro lado, o número de roubos está em queda no País. Desde 2018, já caíram 51%, sendo que o roubo de veículos caiu 10,4%. No período, foram registradas quedas nos roubos ao comércio (-24,4%), a residências (-19,2%), a pedestres (-22,6%), a cargas (-14,3%) e a bancos (-16,6%).O Anuário da Segurança divulgado é elaborado desde 2011 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) a partir dos registros criminais feitos pelas secretarias de segurança pública dos 26 estados e do DF. Fonte: Sul 21 / Imagem: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025