Debate de combate às opressões e de atividade sindical finaliza 17º ESCIME
Mais de 80 participantes finalizaram neste domingo (24/08) suas atividades no 17º Encontro dos Servidores Civis das Instituições de Ensino Vinculadas ao Ministério da Defesa (ESCIME). Além de debater temas como combate às opressões e atividade sindical, o grupo apontou prioridades de luta do segmento representado pelo SINASEFE. Iniciado na sexta (22/08), evento reuniu representantes vindas(os) de todas as regiões brasileiras e também debateu conjuntura, gestão e políticas educacionais. Combate às opressões nas escolas do MD (mulheres, questões étnico-raciais, diversidade sexual e de gênero, inclusão e acessibilidade)Início dos trabalhos do último dia de ESCIME (24/08) debateu a temática do combate às opressões (mulheres, questões étnico-raciais, diversidade sexual e de gênero, inclusão e acessibilidade). Coordenada pela secretária de políticas educacionais e culturais do SINASEFE, Andréa Moraes, a mesa contou com as palestras de Eva Esperança (Aprofcmpa-RS), Emiliana Consolação (seção sindical Barbacena-MG), Jorge Bastos (seção sindical CMRJ) e Josaine de Moura (Aprofcmpa-RS).Eva Esperança, que atuou por décadas como professora no Colégio Militar de Porto Alegre, comentou sua longa trajetória cotidiana tanto de enfrentamento ao machismo quanto ao racismo e de insurgência contra essas condutas opressoras, passando também pela chegada da Lei nº 10639/2003. Ela citou as autoras Clarice Lispector e Conceição Evaristo. “Ainda precisamos dar visibilidade para nossa representatividade, com nossas lutas e com nossas competências, vamos sempre atuar na construção de cidadanias e humanidades em nosso fazer cotidiano”, destacou Eva.A Flor de Mulungu não ia fenecer. Não. A posição fetal em que ela se encontrava era um indício de que uma nova vida se abria. Ela ia nascer por ela e com ela. Macabéa ia se parir. Flor de Mulungu tinha a potência da vida. Força motriz de um povo que resilientemente vai emoldurando o seu grito. ” Conceição Evaristo na obra Macabéa“Se essa história não existe, passará a existir” Clarice Lispector Emiliana Consolação apresentou diversos apontamentos relacionados à presença das mulheres nas instituições ligadas ao MD (assédios sexuais, pressões em relação à aparência física, maternidade e menopausa). “A misoginia sequer é disfarçada nesses ambientes, e precisamos nos fortalecer e fazer a denúncia destas posturas criminosas”, ressaltou.Jorge Bastos comentou ações importantes da Coordenação de Inclusão e Acessibilidade do SINASEFE, como a audiência pública realizada em 2024 na Câmara dos Deputados. Ele destacou que as instituições de ensino ligadas ao MD não podem ser consideradas acessíveis, tanto para trabalhadoras(es) quanto para estudantes. “É preciso prestar atenção, inclusive, sobre as deficiências que não são visíveis, como as neurodivergências. Aprofundar a difusão de informações sobre os direitos das pessoas com deficiência e buscar garanti-los também é muito importante”, ressaltou.Josaiane de Moura diferenciando diversidade sexual e de gênero, comentou que ambas são assuntos silenciados e invisibilizados nos ambientes das escolas ligadas ao MD, onde a heteronormatividade é a regra. “Nossa presença é sobre abrir caminhos, mostrar possibilidades e mostrar que o amor entre mulheres é digno legítimo e belo” ressaltou ao comentar sua trajetória pessoal, citando várias vezes a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP). “Invisibilidade não é ausência, é presença não reconhecida, nossa existência não é exceção, é resistência, é um ato de coragem e uma afronta, pois fomos ‘educadas’ para não existir“, defendeu.As pessoas participantes do evento também se posicionaram, de modo afetuoso e emocionado, destacando a importância do debate coletivo sobre as temáticas relacionadas às opressões. Muitas(os) comentaram suas vivências, ressaltando suas existências, resistências e lutas cotidianas contra o racismo, o machismo, o capacitismo e a homotransfobia. Aprofcmpa-RS celebra 21 anos e homenageia professora EvaCelebrando seus 21 anos de existência, a Associação dos Professores e Funcionários Civis do Colégio Militar de Porto Alegre (Aprofcmpa-RS), seção sindical do SINASEFE e anfitriã organizadora do 17ª ESCIME, fez uma homenagem para a professora Eva Esperança. Confira abaixo o texto lido por Silvana Pineda:Eva foi das primeiras professoras a chegar no CMPA.Trouxe com ela o amor à História, ao Magistério, o cuidado com a sala de aula, a prática criativa e atenta ao que se passava no mundo e na profissão.Trouxe o compromisso e o cumprimento de suas funções profissionais exemplarmente. Isso é muita coisa!Mas ela trouxe muito mais!Trouxe um sorriso acolhedor, a amizade calorosa, o humor refinado, a companhia cotidiana que, ao passar e dar bom dia, deixava as manhãs mais leves.Esta mulher, vinda da cidade de Uruguaiana do interior do RS, já desempenhou suas funções com competência, firmeza e altivez admiráveis. Com essa altivez, Eva lutou para estar nos lugares onde mulheres querem e podem estar. Uma companheira que foi uma das fundadoras da nossa Aprofcmpa onde permanece participando ativamente da vida de nossa seção sindical.Teve a generosidade de levar para a Academia, quando da realização do Mestrado, estudos sobre Cultura Negra através da História e da Literatura.Segue atuante no Movimento Negro auxiliando, com sua família, a manter viva a tradição do importante Clube Social Negro Satélite Prontidão.Quando olhamos para ti, vemos as muitas lutas que as mulheres trabalhadoras travam todos os dias neste país.Luta pelo pão, pela saúde, pela família, pela educação, pela moradia, pelos filhos e filhas, pelo trabalho, pela vida.Quanta luta há no corpo, na alma e na História de uma mulher de 83 anos!Neste agosto de 2025, quando nossa associação completa 21 anos, vemos em ti a expressão de muitas das nossas lutas.Então festejamos nossa associação, homenageamos e agradecemos à Eva.Diz uma certa tradição religiosa que Eva foi a primeira.Mas nenhuma outra Eva foi Esperança.Somente a nossa. Atividade sindicalCoordenada por Lissa Fontenele (secretária de política para instituições ligadas ao MD), a segunda mesa do domingo tratou de atividade sindical e teve as falas de Amaury Garcia (secretário-adjunto de política para instituições ligadas ao MD), Gustavo Cornélio (integrante da CNMD) e Maria Eliana Almeida Matos (integrante da CNMD).Maria Eliana pontuou diversas dificuldades como ser minoria entre mais de mil filiadas(os) da seção sindical que integra (Sinasefe IFBA/CMS) e os desafios para envolver as(os) servidoras(es) do CMS nas atividades. Ela falou ainda das vantagens de pertencer a uma seção grande, como a organização consolidada e a estrutura disponível para as(os) sindicalizadas(os).Amaury falou sobre a realidade das seções sindicais que organizam exclusivamente servidoras(es) civis de instituições ligadas ao MD. Ele citou ainda peculiaridades sobre processos judiciais, que são abertos contra a União, e citou dificuldades de participação nos movimentos paredistas.Gustavo dividiu sua intervenção em três momentos, um mais descontraído rindo das siglas usadas pelos militares, num segundo instante falando de sua história de enfrentamento à perseguições e finalizando com a exibição de um vídeo falando de sua demissão.Participantes também apresentaram suas contribuições ao debate, ressaltando suas experiências, alguns desafios e diversos avanços do cotidiano da vida sindical. A busca por mais envolvimento de aposentadas(os) e a importância de formar novas lideranças para construir o sindicato estiveram em destaque em várias intervenções. Assessoria jurídicaTerceira mesa do domingo teve a presença das assessorias jurídicas tanto do SINASEFE quanto da Aprofcmpa-RS. Coordenada por Armanda Lopes (CNMD), atividade teve as falas de Felipe Schwingel e Leonardo Kauer.Felipe Schwingel (Assessoria Jurídica Nacional – Wagner Advogados), explicou que a AJN atua em aproximadamente 50 processos, em especial como amicus curiae, como é o caso do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) para aposentadas(os). Ele comentou também a atuação em defesa de sindicalizados e se seus direitos, como no caso de servidores do campus Abelardo Luz do IFC.Leonardo Kauer (Assessoria Jurídica da Aprofcmpa-RS) que integra a Comissão de Anistia do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania comentou a atuação jurídica para além da defesa de direitos de servidores(as), falando também da Justiça de Transição. “Não é suficiente declarar a inconstitucionalidade, é necessário compreender como tipos de leis como estas (livros proibidos, escola sem partido, proibição do debate de gênero) estão surgindo e a formação em instituições militares se conecta bastante com isso”, comentou Leonardo. Ele ainda defendeu a ‘desmilitarização’, prevista no PL nº 5010/2024, contextualizando essa medida como fundamental. Fonte: Sinasefe Nacional